A parceria vai fortalecer a autonomia local para o desenvolvimento das enzimas-chave do teste, que tem eficiência equivalente ao padrão-ouro do mercado e com o valor até cinco vezes menor.

O Centro de Química Medicinal (CQMED) da Unicamp – credenciado como Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), o laboratório de genômica Mendelics e a Embrapii assinaram um convênio para o aperfeiçoamento do teste de saliva para COVID-19. Nesta parceria, o CQMED irá desenvolver localmente dois reagentes-chave do teste que ainda são importados e a Mendelics irá testá-los. A ideia é unir a expertise do CQMED no design e produção de enzimas específicas com a capacidade de produzir em escala e a logística da Mendelics. Com isso espera-se ampliar a disponibilidade destes componentes importantes para a autonomia do país na produção de testes de COVID-19.

Um dos principais gargalos do combate ao coronavírus é a testagem em massa da população. A testagem ampla, rápida e acessível é fundamental para rastrear o vírus, identificar rapidamente novos casos e impedir a transmissão da doença.

O novo teste molecular de COVID-19 foi desenvolvido pela Mendelics em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. O teste denominado RT-LAMP #PARECOVID é capaz de identificar a presença do SARS-CoV2 em amostra de saliva durante o período de infecção ativa do vírus. Assim como o RT-PCR, ele não detecta os anticorpos de pessoas já recuperadas de COVID-19, mas sim o próprio vírus. O protocolo é baseado em uma técnica chamada de “transcrição reversa com amplificação isotérmica mediada por loop” ou RT-LAMP. Esta técnica já é utilizada para diagnóstico de outras doenças como dengue, chikungunya, hepatite A e zica.

O RT-LAMP #PARECOVID foi lançado em junho pela Mendelics e tem a sensibilidade e a especificidade comparável ao RT-PCR. Além de possibilitar a autocoleta não-invasiva sem a necessidade de swabs, o teste de saliva consegue manter a estabilidade da amostra por até três dias em temperatura ambiente e suprime a etapa de extração do material genético (RNA) do vírus.

A tecnologia desenvolvida neste teste é capaz de produzir resultados em poucas horas, muito mais rápido que os testes de RT-PCR disponíveis e o custo de RT-LAMP é cinco vezes menor que o RT-PCR, cujo fornecimento de insumos está fortemente limitado em todo o mundo.

“RT-LAMP #PARECOVID traz segurança no retorno às atividades de trabalho, escola e lazer. A produção brasileira de insumos pelo CQMED ampliará a disponibilidade do teste no Brasil, reduzirá custos e garantirá fornecimento independente da demanda mundial por testes.”, afirma Dr. David Schlesinger, CEO da Mendelics.

A parceria

O CQMED tem expertise na caracterização de proteínas pouco conhecidas relacionadas a doenças humanas, sobretudo câncer, doenças infecciosas e neurológicas. Com a crescente demanda por testes para COVID-19, o Centro ampliou sua atuação na produção de insumos (proteínas) para atender a força-tarefa Covid-19 da Universidade de Campinas (Unicamp). O know-how de produção de insumos aproximou o CQMED de organizações interessadas em unir pesquisa e diagnóstico genético.

Oportunamente, Katlin Massirer, coordenadora do projeto na Unicamp, “a Embrapii catalisou a parceria por meio do plano emergencial para projetos COVID-19, bem como workshops online que aproximaram interesses de universidades, SENAI, empresas. Assim, o modelo Embrapii de participação de recursos entre os três pilares -universidade, Embrapii e empresa – possibilitou a montagem do plano de ação e alocação de recursos para um projeto”.

No projeto para o aperfeiçoamento dos reagentes, os pesquisadores da UNICAMP e da Mendelics irão unir esforços a fim de manter alta disponibilidade de testes Covid. O CQMED atuará no desenvolvimento de duas enzimas do teste e na execução do controle de qualidade enquanto a Mendelics irá focar nas adequações dos reagentes para aplicação nos testes RT-LAMP já em funcionamento.

Sobre CQMED

O CQMED localizado na Unicamp foi fundado em 2015 como um projeto PITE-FAPESP e foi credenciado como Unidade Embrapii em julho de 2017. Possui competência na área de fármacos e química medicinal, mais especificamente na fase inicial do desenvolvimento de novas drogas. O CQMED possui uma plataforma para o desenvolvimento de moléculas inibidoras de alvos específicos relacionados a doenças humanas. Também representa o INCT de Química Medicinal, apoiado pela Capes, CNPq, Fapesp e Unicamp.

Sobre Mendelics

A Mendelics é o primeiro e maior laboratório brasileiro especializado no Sequenciamento de Nova Geração (NGS). Foi criada em 2012 pelos médicos David Schlesinger, Fernando Kok, André Valim e o bioinformata João Paulo Kitajima, e investida por Laércio Cosentino (presidente do conselho da Mendelics), pelo fundo Finhealth e diversos investidores.  A Mendelics tem como missão tornar o diagnóstico genético rápido, preciso e acessível para todos que precisam. Com a maior estrutura laboratorial de sequenciamento da América Latina, mais de 80.000 amostras genômicas já realizadas, uma equipe de mais 140 colaboradores, com processos técnicos e analíticos pioneiros e com padrão de qualidade internacional, consolidou-se como referência em análises genéticas. A Mendelics é o único laboratório genômico latino americano a obter as acreditações do CAP (Colégio Americano de Patologistas – #8671464) e INMETRO (NBR/ISO-15189) e também é reconhecida internacionalmente e premiado pelo MIT pelo desenvolvimento do Abracadabra®, plataforma exclusiva que usa inteligência artificial para tornar as análises genéticas mais precisas e eficientes. Desde sua fundação, segue desenvolvendo produtos inovadores na área da saúde, como o Teste da Bochechinha, um exame complementar ao teste do pezinho para recém-nascidos, capaz de identificar mais de 310 doenças da primeira infância, que costumam ser graves e silenciosas, mas que já possuem tratamentos efetivos quando identificadas precocemente. Para mais informações acesse www.mendelics.com

Sobre a EMBRAPII

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial foi criada em 2013 como uma organização social que tem autonomia em gerenciar fundos do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação e Ministério da Educação com o objetivo de estimular a inovação na indústria brasileira, promovendo a interação entre instituições de pesquisa tecnológica e empresas do setor industrial. O seu modelo de atuação prevê o financiamento de até 1/3 do custo total de cada projeto aprovado, com recursos não reembolsáveis (ou seja, a indústria não precisa devolver o montante aportado) e o restante é dividido entre a indústrias e as unidades EMBRAPII.